Luanda acolheu no sábado, 16 de Agosto, a primeira edição da Feira da Psicologia e Organizações no auditório da Paróquia do Cristo Rei, no bairro Terra Nova, município do Rangel, onde discutiu-se o papel dos psicólogos nas instituições e na comunidade.
A feira foi promovida pelo “Núcleo de Psicólogos Sem Fronteiras” e pelo “Bloco de Apoio aos Finalistas”, reuniu estudantes, profissionais e representantes de diferentes áreas do saber, como psicologia, direito, engenharia e gestão.
Durante o evento, tiveram em destaques os temas relacionados à importância da psicologia nas instituições, o seu papel no combate a problemas sociais e criminais, bem como à necessidade de maior inserção dos psicólogos nos contextos comunitários.
Apesar da diversidade dos temas, a tónica comum foi a defesa da valorização da classe e do reconhecimento da sua contribuição no desenvolvimento humano e social.
Em entrevista à imprensa, o mentor do projecto, psicólogo Emanuel Capita, destacou a urgência de levar a psicologia para mais perto das populações. “Se houvesse oportunidade, condições e valorização da classe dos psicólogos, certamente muitos assuntos ligados à violência doméstica, delinquência e criminalidade, abusos e agressões sexuais teriam cifras diferentes das actuais”, afirmou.
Segundo Capita, a psicologia ainda enfrenta preconceitos e falta de espaço na sociedade angolana, realidade que precisa ser invertida. “A psicologia não deve ser vista apenas como uma profissão de consultório ou de cidade. Queremos psicólogos que trabalhem nas comunidades, porque é lá onde estão os maiores problemas: violência doméstica, criminalidade, abusos sexuais e até trabalhadores em risco de suicídio”, sublinhou.
O anfitrião acrescentou ainda que as redes sociais não podem substituir a presença efectiva do psicólogo no terreno. “Muitos colegas ficam à espera de clientes virtuais, mas a missão real da psicologia é estar onde as pessoas mais precisam de apoio emocional e orientação”, reforçou.
A feira contou também com a participação de juristas e gestores, numa abordagem interdisciplinar que procurou demonstrar como a psicologia pode dialogar com diferentes áreas para resolver questões complexas da sociedade. O debate sobre ética profissional, políticas de saúde mental e estratégias de prevenção da violência esteve igualmente em destaque.
A iniciativa faz parte de um ciclo de actividades que o Núcleo de Psicólogos Sem Fronteiras tem vindo a desenvolver, com o objectivo de promover a visibilida de da profissão, incentivar o debate público sobre saúde mental e despertar o interesse de instituições públicas e privadas para integração de psicólogos.
C/OP
