Angola em África e a passagem de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, por aqui
No meu ponto de vista, no que foi grandioso, esta visita foi o culminar admirável de uma campanha de marketing político que vem amaciando a curva maquiavélica para a qual fomos transportados por JLO e sua bem assessorada equipa, desde o seu discurso inaugural de 2017, até à profunda frustração dos dias de hoje.
Da ânsia de emergirmos de um buraco estrutural em que JES nos deixou, paradoxalmente, logo a seguir ao fim da guerra, por ele mesmo taxada de mãe de todos os males, para esta aceleração do país para o abismo.
Mesmo que a questão do corredor do Lobito fosse uma novidade (que não é) na história de Angola e desta região de África ou que sua revitalização seja relevante, o que eu não acredito – e aceito que a história amanhã me desminta – é que este regime de exclusão descarada, venha trazer, benefícios assinaláveis ao país e todas as suas populações, a partir dali.
Um exemplo da natureza de exclusão deste regime? Durante a visita da insigne personalidade, pelo menos uma empresa do gosto do PR apanhou uma grande boleia para se publicitar e apagar os seus pecados na monopolização de tantas coisas, enquanto empresas de muitos de “nosotros” vão secando, para o desespero da propalada empregabilidade. Se os prolongamentos de mandatos vêm para aprofundar isso, então que se apaguem todas as alegrias de rostos que nos falaram, sem qualquer contraditório, nas rádios, televisões e jornais oficiais.
Mais tarde ou mais cedo, muitos de vocês também serão afectados por essa máquina secadora que encaminha quase tudo para um grupo cada vez mais restrito, que vai criando grupos que se digladiam dentro de si, já que as oposições meramente cívicas ou partidárias estão, pelo que parece, definitivamente colocadas fora do jogo.
Mas, mais espantoso é, como africanos em pleno século XXI, continuamos encantados com os escoamentos das nossas commodities para fora do continente e de cada um dos nossos países, em vez de discutirmos com o mundo, a possibilidade de transformá-los aqui mesmo, nem que seja pelo menos em parte para evitarmos mais guerras. Não seria um bom contributo para desacelerar a emigração que tanto irrita “trumps” e “venturas”?