Várias correntes de opinião, incluindo entidades bem posicionadas na polícia nacional criticaram a forma lenta como a polícia reagiu a pilhagem e vandalização de bens públicos em Luanda e consideram ser mesmo um escândalo o facto de em pleno século XXI haver desacatos na capital e em algumas províncias, sem uma rápida resposta da corporação a julgar pelos meios de que ela dispõe.
Questionando “como é que em pleno século XXI os marginais conseguem arquitectar e executar tais actos em dias consecutivos sem as entidades de direito darem conta do cenário na fase da idealização”, um antigo operacional aponta ser “inacreditável”. Sobretudo, numa altura em que estamos no calor dos festejos dos 50 anos de independência e com a aquisição de poderosos meios que o Governo efectuou para equipar a polícia nacional, os serviços de informação (incluindo o SINSE) e outros órgãos que concorrem para a segurança nacional.
“É inacreditável. Fomos surpreendidos com tamanha alteração mesmo com vários avisos públicos, com tamanha alteração da ordem e tranquilidade pública jamais vistas em Angola, pondo a correr desavergonhadamente os responsáveis do Interior, do SINSE e outros a torto e a direito, ou seja às segas”, referiu.
Esta mesma fonte lembra que enquanto esteve no leme o comissário-geral Arnaldo Carlos na qualidade de comandante-geral, mesmo no momento critico das últimas eleições, as forças da ordem sempre estiveram em prontidão.
“Recordo que na vigência do comandante geral Arnaldo Carlos, mesmo no momento mais crítico das últimas eleições de 2022, as forças da ordem souberam controlar, cortar e manter a ordem e tranquilidade pública. O homem dava a cara para falar a tropa e ao cidadão”, disse o nosso contacto, apelando o Presidente da República a rever “imediatamente” a reestruturação do comando da polícia, para colocar nos lugares certos pessoas certas.
Por isso acentua: “Este homem (Arnaldo Carlos) na verdade, pelo seu faro e arte policial, não merece estar onde está. Se tivermos ainda em conta a sua brilhante trajectória policial, a sua capacidade de liderança apurada e congregadora”.
Reiterando que seria bom o Presidente João Lourenço revisse imediatamente a reestruturação do Ministério do Interior, “dando oportunidade a este quadro que bem conhece a casa”, a fonte observa que “não podemos aceitar que continuemos a ser surpreendidos com esses episódios ao ponto de matarmo-nos”.
Os desacatos iniciaram em Luanda esta segunda-feira 28, e no dia seguinte já havia focos também nas províncias da Huíla e Huambo vivamente repudiados por muitos sectores da sociedade. Pela forma como ocorreram os distúrbios, a nossa fonte ressalta que “foram actos premeditados”.