A expulsão de alunos e professores do Colégio Nossa Senhora da Anunciação, na sequência da reprodução do estilo musical kuduro nas suas instalações, gerou uma forte polémica e reações na comunidade. A medida, considerada a mais gravosa, foi aplicada após um vídeo do incidente ter sido divulgado pela redes sociais.
O estilo kuduro é proibido nas instalações da instituição desde 2023, conforme um comunicado oficial que integra o seu estatuto. A proibição não se prende com o teor de mensagens específicas, mas sim com o estilo em si, com o intuito de evitar o risco de músicas ofensivas.
A instituição justifica que, embora reconheça a existência de “kuduros educativos e motivadores”, optou por “banir o estilo” por completo para não correr o risco de reproduzir conteúdo inapropriado, uma vez que é difícil controlar a escolha individual das músicas.
O incidente ocorreu a 31 de maio, um sábado, durante uma atividade extracurricular antecipada em celebração de 1 de Junho Dia da Criança. Apesar de a atividade ter sido preparada e ensaiada, a direção da instituição afirma não ter tido conhecimento prévio de que o “kuduro” faria parte do roteiro. A reprodução do estilo foi uma surpresa no dia da atividade. O vídeo divulgado mostra a música a tocar por mais de 30 segundos.
“Os professores e coordenadores de atividades extracurriculares estavam presentes e são arrolados à situação porque deviam assegurar o cumprimento das normas da instituição. A instituição defende que, mesmo que a reprodução tenha apanhado os responsáveis de surpresa, devia ter sido impedida de imediato. A capacidade de detectação do estilo é rápida, e 30 segundos são considerados tempo suficiente para uma reação eficaz”. Disse uma fonte do gabinete de comunicação.
Questionada sobre a necessidade de aplicar a medida mais gravosa, a instituição, através do responsável pelo departamento de comunicação institucional, sublinha que todos os membros da comunidade educativa devem “viver os valores” que promovem. Os alunos que reproduziram o estilo são considerados cientes das regras e da linha vermelha, uma vez que a proibição é antiga e bem conhecida. A instituição afirma ter aberto um processo disciplinar e que a medida foi fruto do processo disciplinar.
Apesar da clareza da instituição, a reação pública tem sido maioritariamente crítica em relação à medida. O responsável pela comunicação observa que a comunidade se mobilizou para defender o estilo kuduro. Curiosamente, a instituição revela ter publicado duas notas sobre expulsões no mesmo dia: uma sobre o caso do “kuduro” (envolvendo menos de seis alunos) e outra sobre a expulsão de seis alunos por agressão física do colega. No entanto, a segunda nota ninguém comenta.