Um grupo de jovens denominados “Geração Z” toma as ruas no Nepal em protestos inicialmente por bloqueios de redes sociais, que mais tarde escalaram contra desemprego, corrupção e crise política.
A geração Z foi criada sob a promessa de democracia e mobilidade social entrou em choque com uma economia e uma ordem política que seguem fechando todas as portas. O estopim foi regulatório: o governo ordenou que 26 grandes plataformas de redes sociais se registrassem no país e começou a bloquear aquelas consideradas não cooperativas — incluindo Facebook, YouTube, Instagram, WhatsApp, X (ex-Twitter) e outras.
Os factos…
Nepal firmou um acordo de quatro anos com Fundo Monetário Internacional (FMI) sob a modalidade de Facilidade de Crédito Estendida (ECF), com vista a honrar o contrato, o governo foi pressionado a aumentar a arrecadação interna.
Isso levou à criação de um novo imposto sobre serviços digitais e regras mais rígidas de VAT (imposto sobre o consumo) para provedores estrangeiros. Quando as grandes plataformas recusaram o registro, o Estado respondeu com bloqueios.
O que começou como uma tentativa de arrecadação virou rapidamente um instrumento de controle digital, tudo isso em meio à alta dos combustíveis e dificuldades econômicas impostas pelo ajuste fiscal.
O bloqueio se tornou o gatilho final para protestos massivos contra a corrupção, o desemprego e a falta de oportunidades.
Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos distúrbios em curso no Nepal desencadeados pela proibição de acesso às principais redes sociais, disseram hoje as autoridades.
O novo balanço de vítimas surge na sequência da continuação dos protestos, apesar de o Governo nepalês ter anunciado a retirada da impopular medida.