O Greenpeace África classificou este domingo de “colonialismo climático” o acordo financeiro na COP29, através do qual os países ricos pagarão cerca de 288 mil milhões de euros anuais ao mundo em desenvolvimento para custear a acção climática no continente.
“A oferta do Norte global não é apenas inadequada: é um insulto a todos os africanos que já estão a sofrer com as catástrofes climáticas. Isto não é financiamento climático, é colonialismo climático”, afirmou Fred Njehu, estratega político pan-africano da organização ambientalista, em comunicado.
Sobre o assunto, o ambientalista Rafael Lucas, disse que o argumento do Greenspace África, que encontra fundamento na injustiça histórica e desigualdade global, reflecte a responsabilidade dos países ricos nas mudanças climáticas.
Rafael disse, por outro lado, que esses países que são responsáveis por uma grande parte das emissões de gases de efeito estufa, tentam minimizar os seus deveres ao oferecer um financiamento insuficiente, enquanto continuam a lucrar com a exploração das energias fósseis, e perpetuam uma dependência típica de um sistema colonial.
O especialista avançou ainda que a proposta era de 1,3 biliões de dólares em financiamento público para as comunidades vulneráveis ao clima em todo o mundo, destaca o abismo entre o que é necessário e o que está ser dado.
Rafael Lucas disse que o colonialismo climático questiona a eficiência e a equidade de um acordo, por não abordar a situação de forma justa a responsabilidade histórica, deixando os países em desenvolvimento a mercê e soluções paliativas.
Os cerca de 200 países reunidos na cimeira de Baku selaram o acordo na manhã de sábado para estabelecer a nova meta de financiamento do clima, que substituirá a anterior, fixada em 100 mil milhões de dólares por ano.
Um acordo que a Greenpeace África considerou “mínimo”, argumentando que, na realidade, são necessários 1,3 biliões de dólares em financiamento público para as comunidades vulneráveis ao clima em todo o mundo.
Na sua opinião, o acordo da COP29 é “uma aula magistral de injustiça histórica”, que “trai a justiça climática e ridiculariza o princípio do poluidor-pagador”.
“Recusamo-nos a permitir que o património natural de África se torne um recreio barato para os poluidores do norte global (…). As nossas florestas são a nossa vida, não a sua oportunidade de compensação”, concluiu.
C/ CK