O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa foi instituido a 3 de Maio de 1993, com o objectivo de promover os princípios fundamentais, e combater as violações à liberdade de imprensa.
Muito recentemente às forças da ordem e segurança, estiveram envolvidos em mais um acto, que culminou na restrição senão violação de forma compulsiva do direito de liberdade de expressão e imprensa, ao reter por mais de cinco horas, três jornalistas que devidamente identificados cobriam a manifestação do Movimento de Estudantes Angolanos.
Em alusão a data da Liberdade de Imprensa, o site de informação O FLAGRANTE, traz a reação dos profissionais da comunicação em Angola.
Na visão do jornalista do Novo Jornal Fernando Calueto, o que mais entristece no capítulo da liberdade de imprensa são às constantes violações à CRA e a Lei de Imprensa por parte das forças policiais, que mesmo sabendo que não se deve intimidar e deter jornalistas em pleno exercício de funções, ainda assim o fazem e depois se vitimizam.
Calueto entende que acções contrárias à CRA só trazem recuos à Liberdade de Imprensa em Angola que chegou a ganhar passos com a chegada do Presidente João Lourenço ao poder em 2017, mas anos depois regrediu.
“Conhecemosretrocessos nos últimos anos e isso é visual, embora a posição de Angola hoje no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa não revela isso, mas estatísticas são estatísticas, e a realidade é outra coisa”, disse.
Avança que, Angola não é um dos piores países em termos da liberdade de expressão e de imprensa, mas admite ainda estat longe da excelência e de uma liberdade justa.
Calueto lamenta o facto de não existir em Angola empresas que assumam patrocínios directos aos órgãos privados, e se alguum empresário fizer isso, sabes das consequências que terá.
A realidade crítica da liberdade de imprensa, estende-se um pouco por todo país, de acordo com Adolfo Guerra jornalista da Ecclésia Menongue e correspondente da DW no Cuando, o cenário é o mesmo por conta das intimidações políticas que associam nomes de jornalistas de supostamente estarem a serviço da UNITA, pelo facto de reportarem com verdade.
“Muitos jornalistas foram adjectivados por ‘revús’ e chagando mesmo a constar em listas dos críticos da província simplesmente por dar voz aos cidadãos que apresentam suas preocupações de variam ordem”, disse para depois recordar que a província conta apenas com dois órgãos privados (Rádio Ecclesia e DW África).
Na visão de Adolfo, as razões que ameaçam a liberdade de imprensa, está muito associado com o perfil de quem governa, que em grande parte se transformam nos principais violadores e incumpridores das normas de boa governação.
Já para Jornalista Victória Cateca a liberdade de imprensa é um direito que assiste à todos os jornalistas a nível do mundo.
Porém, lamenta o facto de muitos países alcançarem patamares altos quanto a liberdade de imprensa, a informação é transmitida de forma liberal sem quaisquer interferência de conflitos de interesse e Angola continua conhecendo recuos neste capítulo.
“Hoje a democracia é ‘pregada’ até pelos ‘ateus’, jornalistas são mortos no exercício da profissão por colocarem em prática técnicas do jornalismo verdadeiro, isento e sem represálias”, lamenta
Em Angola, embora não exista casos de mortes de jornalistas em memória recente, há situações que ocorrem que são a todos os níveis reprováveis, acrescentou Victória.
Jornalista é impedido de fazer o seu trabalho pelas autoridades, uns são detidos e outros comprados, tudo por uma informação controlada e manipulada, finalizou
O Assesor Editorial do Jornal Pungo a Ndongo, Júlio Gomes entende que a liberdade de imprensa hoje ainda é de certa forma questionável apesar dos diplomas legais existentes.
“Os jornalistas continuam a enfrentar dificuldades no acesso às fontes. Refiro-me às entidades governamentais que sempre que instadas escudam-se na necessidade da famosa ‘ordem superior’ que autorize a falar”, disse.
Para Júlio Gomes, o lema de ‘comunicar melhor’ do Governo não está a ser cumprido à letra.
Por outro lado, recorda que desapareceu boa parte dos jornais tradicionais em papel, já que o acesso às gráficas para a impressão tornou-se num verdadeiro busílis, devido ao aumento drástico dos preços.
Na visão do assessor editorial, significa então, com isso, que a indústria da democracia sumiu, ou seja, às gráficas são isso mesmo: indústria da democracia.
“De todas as formas há um pouco mais de abertura no mandanto do actual Executivo do que no que o antecedeu. Há liberdade de expressão, porque as pessoas hoje se exprimem muitos mais criticando e expondo os seus pontos de vista do que no passado”.